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JEC

Elton Carvalho: “Uma vitória para derrubar uma série de muletas no JEC”

Quem costuma ler os textos da coluna já viu em outras ocasiões a crítica sobre a postura conformista que algumas pessoas têm em relação ao JEC – sejam elas da diretoria, funcionários ou mesmo da imprensa, chegando até em parte da torcida. O Joinville caiu muitos nos últimos anos e esta queda virou motivo para justificar qualquer insucesso dentro de campo. Campanhas vexatórias foram ignoradas, contratações ruins toleradas, trabalhos sem consistência de treinadores tiveram paciência e derrotas em clássicos (mais frequentes agora) viraram algo comum.

Ao longo deste ano, a coluna citou o Marcílio Dias como um exemplo. Estava há anos longe da elite catarinense, sem apoio, sem calendário, veio agora da Segunda Divisão, resgata seu torcedor aos poucos e, mesmo diante de todas estas dificuldades, figura no G4 (pode até sair, mas ainda está lá) e já havia vencido Avaí Chapecoense. 

Por que o começo deste texto lembra disso tudo? Porque a vitória deste domingo, na Arena Condá, derruba todos os conformismos – ou, pelo menos, deveria derrubar a partir de agora. O fato de o JEC estar na Série D não o impede de ser competitivo. Basta fazer um bom trabalho – vide o exemplo do Marcílio.

Por este motivo, a insistente crítica ao trabalho de Zé Teodoro. O ex-técnico do Joinville passou oito jogos sem nenhuma vitória. Em dez partidas, conseguiu ganhar uma mísera vez. Foi eliminado da Copa do Brasil por um time fraquíssimo. Mesmo depois de 12 partidas sem apresentar desempenho e resultado, houve quem defendesse o ex-comandante pedindo tempo. Tempo? Justamente na temporada que pode ser a mais curta do JEC – com risco de jogar 18 vezes no Estadual e apenas seis no Brasileiro?

O Joinville, infelizmente, não tem tempo em 2019. É o preço que pagará pelos fracassos recentes. Precisa fazer um bom Estadual para garantir um calendário em 2020 e entrar mais forte na Série D. Além disso, Zé Teodoro havia começado o trabalho em novembro. Participou das contratações. Nem assim conseguia fazer o time evoluir. Queria ainda mais tempo?

Na verdade, o tempo é algo que virou muleta dos técnicos. Se nada acontece, é porque faltou tempo. Em alguns casos, até faz sentido (dependendo do número de viagens, sequência de jogos, transformação do elenco). Em outros, é apenas uma desculpa. Cabe aos clubes analisar com cuidado esta justificativa e aos torcedores de serem mais críticos e pararem de aceitar isso como verdade absoluta.

O Joinville está na Série D, mas é grande. Gigante em Santa Catarina. Não pode passar oito jogos sem vencer – sendo sete do Estadual. Não pode ser eliminado na primeira fase da Copa do Brasil por um clube minúsculo, que mudou de nome recentemente e não tem torcida alguma. Aceitar tudo isso é se conformar com a derrota e deixar de acreditar que é possível, sim, sair da lama.

O Joinville deste domingo enfrentou a Chapecoense (da Série A) de igual para igual. Dos 15 minutos em diante no primeiro tempo mandou no jogo – finalizando mais. Tomou apenas um susto na cabeçada de Everaldo. Jogou de maneira organizada, sem correr grandes riscos.

No segundo tempo, a intensidade diminuiu. A Chapecoense criou mais, mas dependia de cruzamentos na área e chutes de longa distância – sinal de que o JEC se defendia bem e o Verdão do Oeste vive uma pobreza de ideias ofensivas. Com tudo isso acontecendo, o Joinville aproveitou as bolas paradas e ganhou um jogo que poucos em Joinville e no Estado acreditavam.

Esta mudança de postura aconteceu em quatro dias de trabalho de Felipe Surian. Quatro dias! Lembra da história do tempo? Talvez se o JEC tivesse acreditado na muleta de Zé Teodoro teria perdido no Oeste. A conclusão que fica é que não adianta você ter tempo se você não mostra trabalho. Em poucos dias, Surian demonstrou que conseguiu fortalecer o sistema defensivo – tomou um gol e sustos pelo lado direito, que é um problema anterior ao seu comando – e criou uma alternativa ofensiva – a bola parada, decisiva neste clássico.

Claro que será preciso mais jogos para analisar de maneira criteriosa o trabalho de Surian. Na quinta, ele terá de tomar as ações diante do Hercílio Luz. Será um cenário diferente. De qualquer maneira, o cartão de visitas foi excelente, afinal, encerrou um jejum de 22 jogos sem vitórias do JEC fora de casa, jogou de igual para igual diante de um dos favoritos ao título e colocou o Tricolor na briga por uma vaga no G4 – dependendo da combinação de resultados, o JEC pode terminar o jogo de quinta-feira a um ponto da quarta posição (ainda terá confrontos diretos com Marcílio Dias e Criciúma). Tudo isso em quatro dias.

O Joinville pode ser, sim, mais ambicioso mesmo diante das conhecidas dificuldades. Ambição, críticas e exigência não fazem mal a ninguém. Pelo contrário: fortalecem. Só é cobrado quem tem história e capacidade para superar as adversidades. Quem não é cobrado (ou não quer ser cobrado) está acostumado ao ambiente confortável das derrotas. Que o tempo e esta vitória em Chapecó mostrem esta lição para o futuro do JEC.

Texto: Elton Carvalho
Imagem: Júlio César Ferreira, JEC

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  1. Pingback: Elton Carvalho: “Resultados expressivos ajudarão Felipe Surian a buscar os acertos no JEC” – Esporte Joinville

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