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JEC

Elton Carvalho: “Que os otimistas estejam certos sobre o futuro do JEC”

Os últimos anos fizeram muito mal ao torcedor do Joinville. Hoje, alguns deles procuram enxergar de qualquer jeito algo positivo (para manter o otimismo) num trabalho que deixa a desejar. É a fé de que bons ventos finalmente chegarão à Arena Joinville. Compreensível. Mas se o torcedor deixar a paixão e o otimismo de lado, verá que as coisas não andam nada bem. O primeiro tempo desta quarta-feira, contra o Tubarão, foi uma boa amostra.

Ah, mas e o primeiro tempo contra o Criciúma? Vinte minutos! Foram 20 minutos explorando erros do Tigre e sendo eficiente em duas das três chances criadas. Depois, o rival dominou as ações, criou mais e, mesmo com um homem a menos, quase empatou na segunda etapa. O próprio Zé Teodoro (que, apesar do trabalho, demonstra grande lucidez em suas entrevistas) reconheceu este cenário na entrevista coletiva do domingo passado.

Ah, mas e o segundo tempo contra o Tubarão? O Tubarão mudou completamente a postura. No primeiro tempo, não deixou o Joinville encostar na bola. No segundo, recuou e ofereceu campo ao JEC. Era natural que o Tricolor melhorasse – até porque, se piorasse, deixaria o Domingos Gonzales com uma goleada histórica na bagagem.

Ainda assim, vale lembrar: o Tubarão é o lanterna e até o fim desta partida não havia vencido nenhum jogo. Antes de o duelo começar, acumulava cinco partidas (de nove na temporada) sem marcar um gol sequer. Chegou a marcar dois gols contra o Hercílio Luz, na estreia, e três diante da Chapecoense, na quinta rodada. Nas duas ocasiões, tinha o jogo decidido e deixou o resultado escapar no fim. Na noite desta quarta, quase fez o mesmo diante do JEC.

Por fim, no domingo passado, perdeu para o Metropolitano, que levou seis do Brusque (próximo adversário do Joinville) nesta quarta. Claro que cada jogo tem sua história, mas, por aí, podemos ter um parâmetro de como andam as coisas no Sul. Se o Joinville, finalmente aliviado pela primeira vitória, leva 3 a 0 no primeiro tempo de um time pressionadíssimo e com apenas dois pontos no campeonato, é sinal de que as coisas não andam bem.

Quer outro sinal? O JEC terminou o turno quatro pontos atrás do Brusque. Cinco atrás do Marcílio Dias, que tem um jogo a menos. Está à frente do Hercílio Luz, mas pode ser alcançado assim que o Leão do Sul cumprir a rodada que tem a menos. Ou seja, a vaga na Série D está ameaçada. Um tropeço no sábado, diante do Brusque, ligará um sinal de alerta gigante.

Isso sem falar nos números: dez partidas, uma vitória, eliminação na primeira fase da Copa do Brasil com um jogador a mais durante 57 minutos e exibições com mais motivos para se preocupar do que para se animar. Diante de tudo isso, há quem enxergue que o futuro é promissor. São os otimistas, cansados de tantos fracassos, mas que insistem em prever algo bom apesar do que acontece diante dos olhos de todos.

Usar o argumento de que “precisamos entender a realidade do JEC” é algo muito, muito pobre. O Joinville passa dificuldades, mas ainda está em melhores condições do que o Marcílio (recém-promovido à elite do futebol catarinense), do que o Brusque, do que o Hercílio Luz, Metropolitano e do próprio Tubarão. Estar atrás de dois deles e à frente dos demais por diferenças muito pequenas demonstra também que as coisas não andam bem.

E se o trabalho aqui é bom desse jeito, o que falar do que fazem Marcílio Dias e Brusque? De acordo com esta lógica (exagerando, óbvio) já já os dirigentes dos dois clubes vão dar palestras pelo País.

O que precisa ficar claro é que o torcedor do Joinville tem de parar de se conformar com pouco. Este pensamento pequeno acaba com o JEC, maior vencedor do Estadual nos últimos 43 anos e dono de dois títulos brasileiros. Se este raciocínio conformista permanecer na cidade, o Joinville vai se acostumar a ficar atrás de qualquer um e passará anos sendo um mero coadjuvante.

Imagine você, torcedor do JEC, se Chapecoense, Criciúma, Avaí ou Figueirense estivesse na atual situação do Tricolor? Será que eles agiriam da mesma maneira (conformados)? Pelo que acompanho do futebol catarinense, não. Eles sequer deixariam o clube despencar tanto – mas só se faz isso com cobrança, exigência. Futebol é como uma empresa: vive de resultados e precisa ser competitivo num ambiente com tantos concorrentes.

É difícil competir bem no Campeonato Catarinense sendo um clube de Série D? Sem dúvida. Mas não é impossível. Em 2017, o Brusque foi o quarto colocado. No ano passado, o Tubarão ficou em terceiro. Ou seja, é difícil, mas não é impossível. E o Estadual, diferente dos outros anos, é peça-chave no calendário do JEC a partir de agora para garantir vaga em competições nacionais do ano seguinte e para entrar bem na Série D (onde há um risco enorme de, se fraquejar, jogar apenas seis partidas).

O Joinville precisa de mais. Hoje, é o sétimo e levaria apenas a última de três vagas na Série D. Estaria longe (bem longe) dos discursos pregados no início da temporada – briga pelo G4 e competitividade na Copa do Brasil. Este colunista espera muito mais do JEC e de seus profissionais. Mas há quem considere tudo isso bom. Tomara que eles estejam certos. Se não estiverem, sofrerão, pois a dor dos apaixonados é bem maior quando eles descobrem que estavam iludidos.

Texto: Elton Carvalho
Fotos: William Lampert, Comunicação CA Tubarão

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