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Elton Carvalho: “JEC tem sete jogos para evoluir até a Série D”

A análise da derrota do Joinville para o Avaí vai muito além do jogo e do placar de 3 a 0. O “3 a 0” é algo que o Avaí (um dos favoritos ao título) já aplicou no Criciúma, por exemplo. O Leão, inclusive, não sofreu nenhum gol jogando em casa nas seis partidas que fez como mandante no Estadual (diante de Metropolitano, Hercílio Luz, Brusque, Criciúma, Chapecoense e agora o JEC). Tem o melhor ataque e a melhor defesa do Campeonato Catarinense. Ou seja, números significativos que dão credenciais para a equipe da Capital vencer o Joinville.

O problema é que o Avaí poupou vários de seus atletas neste domingo. Não jogaram o goleiro Vladimir, os volantes Pedro Castro e Matheus Barbosa, o meia João Paulo, o atacante Daniel Amorim. Na teoria, o JEC teria uma chance. Na teoria. Na prática, criou duas oportunidades no primeiro tempo e três no segundo. Não marcou os gols e, pior, cometeu erros graves. Nos dois primeiros gols, há falhas bisonhas da defesa. No primeiro, Luan é driblado. Marlon sem tempo de bola ver ela sendo cabeceada e nem ele nem Tiago Costa conseguem parar Getúlio. A bola ainda sobra, Leandro Bulhões também falha e André Moritz finalmente marca.

No segundo gol, Luan comete o erro grave, que permite o cruzamento para o gol de Alex Silva. Antes, Luan já havia errado em outra saída de bola quase aproveitada por Getúlio. O terceiro gol veio num contra-ataque, quando o Leão já usava alguns de seus titulares e facilmente envolveu o Joinville. A conclusão de quem viu o jogo é de que o Avaí não precisou fazer muito para chegar ao 3 a 0. Mas por quê o JEC comete tantos erros?

É difícil responder a pergunta. O Tricolor treinou durante uma semana (um dos pedidos de Zé Teodoro), usou a mesma base que venceu o Criciúma (Nathan e Robert deram lugar a Baianinho e Rodrigo Figueiredo e a ideia de jogo era a mesma), mas não evoluiu. São 12 partidas com apenas duas vitórias – com muitas dificuldades diante de Criciúma e Brusque. Em nove dos 12 jogos deste ano, a defesa foi vazada.

Em resumo: há mais problemas do que virtudes nestas 12 partidas. O trabalho, que começou em novembro, deveria estar mais evoluído. Faltam apenas sete jogos para o fim do Estadual e para o início das seis primeiras batalhas da Série D. Dá para confiar que o time vai embalar e ficar a ponto de bala para a Série D nos próximos sete jogos?

Hoje, o Joinville vê o Marcílio Dias (que nem a Série D irá jogar) somar seis pontos a mais, estar na quarta colocação e ter um jogo a menos. O Brusque (que vai jogar a Série D) tem quatro pontos a mais e aparece em quinto. E o JEC continua lá atrás, estacionado na sétima colocação. O tempo passa e a tão esperada evolução não acontece – nem em desempenho nem em resultados.

E a comparação com Marcílio Dias e Brusque precisa ser feita porque são clubes com orçamento igual ou menor ao do JEC. Se lá funciona (como funcionou com Brusque em 2017 e Tubarão em 2018) por quê aqui nunca dá certo?

Que fique claro que este texto não está fazendo um pedido de demissão de Zé Teodoro (pelo que a coluna apurou esta possibilidade está descartada até o fim do Estadual, ou seja, pedir isso é perder tempo). De qualquer forma, o treinador precisa ser cobrado. Futebol, assim como qualquer esporte de alto rendimento, se faz a partir de cobranças e exigências.

Há anos, o Joinville se conforma em ficar atrás de qualquer rival com menos recursos ou condições. Acha tudo normal. “A bola não entrou”, “Eles deram sorte”, “Lá encaixou”. Será que em pleno 2019 ainda dá para ficar se apegando a estas frases prontas? Será que não dava para trabalhar mais, cobrar mais, evitar (com orientação) que os atletas repitam erros tão bobos quanto as falhas cometidas nesta derrota para o Avaí?

Curiosa a contradição que surge a partir das frases prontas. Os vencedores do Joinville nos últimos anos (Arturzinho e Hemerson Maria) ficaram conhecidos como técnicos que trabalhavam exaustivamente, não tinham descanso, eram detalhistas ao extremo. Por isso, é preciso fazer a reflexão: será que Marcílio e Brusque não estão trabalhando mais? Dá para acreditar que é só sorte ou “encaixe”? Será que o Vasco de 2014 (terceiro colocado da Série B) achou apenas que o JEC teve “sorte” para ser campeão da Série B? Ou o clube gigante da ocasião reconheceu que houve um trabalho melhor aqui?

O Joinville precisa parar de se conformar e de se apegar a frases prontas. Este futebol antigo ficou na década de 1980. Com tantos recursos e informações hoje em dia, quem trabalha mais e melhor vai além – mesmo com menos recursos. Os exemplos estão por todos os cantos do País e do mundo.

É preciso cobrar mais. Ninguém aqui pediu para o Joinville ser campeão estadual. Mas dá para ser competitivo ou até semifinalista como o Marcílio está sendo. E com o que apresentou nestes 12 jogos, o Joinville não ascenderá à Série C. Ou ele evolui muito a partir de cobranças e exigências nos próximos sete jogos (observando o exemplo dos vizinhos) ou será mais um ano jogado no lixo. Talvez por este conformismo que não desgruda do clube.

Texto: Elton Carvalho
Imagem: Júlio César Ferreira, JEC

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