A noite desta quarta-feira marcou mais uma tristeza para os torcedores do JEC, assim como tem acontecido nos últimos anos. O novo vexame foi conseguir ser eliminado na primeira fase da Copa do Brasil diante de um time limitado tecnicamente e que esteve um jogador a menos durante 57 minutos.
Os prejuízos são incalculáveis. O Joinville jogou pelo ralo a chance de faturar R$ 600 mil, alcançou o sétimo jogo do ano sem vencer e está pressionadíssimo para a sequência no Campeonato Catarinense. Vai enfrentar o Marcílio Dias correndo o risco de entrar na zona do rebaixamento e ficar ainda mais distante da vaga na Série D de 2020.
Estamos no começo de 2019, mas está claro desde o ano passado que o Joinville, mais uma vez, pecou nas contratações. Pior: vai repetindo o erro dos anos anteriores ao deixar na mão de um treinador uma série de acertos com atletas. Vieram 16 nomes, muitos deles identificados com o técnico.
Em novembro do ano passado, quando ainda estava a serviço do jornal A Notícia, fiz um alerta de que o JEC corria um sério risco ao adotar esta política caso os resultados não aparecessem (leia aqui). Aí está: em pleno 7 de fevereiro, todo trabalho começa a ser questionado.
O grande problema são os discursos. Quando chegou, Agnello Gonçalves pregou a criação de uma filosofia própria de contratações no clube. Isso nunca aconteceu e ficou claro que não aconteceria após a chegada de Zé Teodoro. Agnello também afirmou que Copa Santa Catarina serviria para montar a base do Estadual.
Diante do fracasso e uma campanha ridícula, atrás de Brusque, Hercílio Luz, Tubarão e Figueirense B, mudou as palavras e afirmou que o plano era projetar vendas de atletas da base. Como diante de uma campanha vexatória? Pior que, dos seis que vieram, cinco saíram e muitos deles acionaram o clube na Justiça. Ou seja, prejuízo de todos os jeitos.
É preciso citar também que desde a chegada do gerente, foram 22 contratações. Hoje, num dos duelos mais importantes do ano, as soluções tiveram de ser da base. Baianinho começou como titular e dele vieram as chances mais claras contra o Atlético-CE. No desespero, Zé Teodoro ainda lançou Antony, outra cria da base.
Ora, se os jovens são soluções, as contratações não surtiram efeito. Portanto, o Joinville rasgou dinheiro, mais uma vez. Agora, se vê numa situação difícil: o que fazer? Mudar tudo parece complexo. Não fazer nada pode ser um risco da falha por omissão. De qualquer maneira, é inaceitável o Joinville ser eliminado por um time bem mais modesto, sem torcida e que estava inferiorizado no confronto – assim como é inaceitável o JEC ficar para trás de forças de menor orçamento no Campeonato Catarinense.
Por isso, o torcedor precisa ser mais exigente nas suas cobranças. É natural haver uma ansiedade por bons resultados e isso às vezes cega os mais apaixonados – que culpam a imprensa e a acusam de “torcer contra”. Mas os problemas estão aí, escancarados. Os vexames também – em menos de um ano, houve a queda para a Série D, uma eliminação na primeira fase da Copa Santa Catarina e esta agora na Copa do Brasil.
Repetirei a frase que citei no texto do risco de Zé Teodoro: ou o Joinville muda sua ideia de fazer futebol ou dependerá sempre da sorte de ter um profissional que venha e acerte tudo. Por enquanto, não é o caso de Zé Teodoro. E só com muita sorte as coisas mudarão drasticamente diante de tudo o que se apresentou até aqui.
Texto: Elton Carvalho
Foto: Ronaldo Oliveira, JEC.com.br
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