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Beto Bett: “santificado seja Hemerson José Maria”

Foto: Divulgação/Arquivo/JEC

* A opinião deste jornalista não reflete a opinião do Esporte Joinville.

Qual é o tamanho necessário de um treinador para uma equipe do patamar do Joinville Esporte Clube? Você vai primeiro discutir se somos clube e cidade de Série A, B ou C, depois analisar as opções do mercado brasileiro. E aí julgará quem é Hemerson Maria nesse cenário, o nosso. Um homem que não conseguia realizar um trabalho de sucesso desde o Figueirense de 2019. Passou por nove clubes desde então, números tristes em cada um. Porém, com três vitórias em 12 jogos (!), ele foi o comandante que conseguiu colocar o JEC na semifinal do Catarinense de novo.

A vitória nos pênaltis sobre o Criciúma, em pleno Heriberto Hülse, foi apoteótica, emocionante e comparável novamente a um milagre. Dessa vez, nem fui eu que intitulei. O próprio presidente, Darthanhan de Oliveira, usou esse termo no final do clássico Norte-Sul 197. E quem será lembrado por liderar esse grupo, que contrariou lógica e expectativa? Hemerson. O que será lembrado? O ferrolho defensivo do homem, que parou o Criciúma no Majestoso com o auxílio do lesionado Bruno Pianissola, o herói.

Todos sabiam que esse roteiro era factível. E saiu exatamente como muitos previam. Um jogo copeiro, mastigado, zerado, matando tempo sempre que possível, com o JEC muitas vezes encurralado sem bola, bolas aéreas, e raros momentos de qualidade com a redonda no pé. Isso se deve a escolhas de HM. Desde o estilo de jogo, ao montar o elenco, até nas variações táticas, que raras vezes privilegiam o ataque. Vimos incessantemente isso até aqui e temos um comparativo oposto no próprio campeonato – o Santa Catarina.

Foto: Gustavo Mejía/JEC

Ter dois volantes destruidores, um lateral improvisado na ponta para auxiliar a marcação de Marcelo Hermes. Um time ultra defensivo, que sem bola formava uma linha de cinco. Tem mais Hemerson Maria do que isso? Aí vem a parte que não fugirei do dever, independentemente do momento de êxtase. A substituição de Yalle continua sendo um erro, e Marcinho, nesse esquema, não terá impacto. Dito isso, o detalhe não será lembrado quando contarmos o estadual 2025.

Hemerson é o técnico que deu o título mais importante da história do JEC, a Série B de 2014. É lembrado também de ser o treinador que levou o Tricolor três vezes consecutivas à final do Catarinense entre 2014 e 2016. Desde então, este clube não havia chego mais. E aqui estamos nós, vivenciando a ambivalente história deste homem. Do amor ao ódio, do ódio ao amor. Desentalando a angústia de nove anos sem ver o Joinville Esporte Clube com protagonismo de boas histórias no Catarinense. Ele já conseguiu, de novo.

Na pré-temporada de treinamentos, um cara sério. Por vezes, bruto nas chamadas de atenção, mas que trabalhou incessantemente para criar um grupo de trabalhadores. Liderou pelo exemplo. Viciado em trabalho. Não abandonou nem o jogador mais criticado pelo ambiente externo. Não abandonou também suas convicções. Esse é Hemerson, um cara que não tinha o melhor elenco e orçamento de 2014, mas que transformou aquele grupo em campeão brasileiro. E que 11 anos depois, sem ter o melhor, derrubou o rival muito superior diante da sua torcida.

“A humildade precede a honra”. Frase famosa que ele fez questão de proclamar após o seu maior título. E deram esse roteiro de bandeja para ele de novo. Não foi nem uma, nem duas, nem três esculhambações com o favoritismo do Criciúma. É bem verdade que por parte do clube do sul não saiu nada. Mas olhando o contexto geral, do que foi falado pela imprensa do estado e das demais torcidas, está mais saboroso.

Foto: Gustavo Mejia/JEC

Muitos milagres dessa campanha só foram possíveis porque Hemerson merece o sucesso. É o tipo de ser humano que possui falhas e teimosias no seu ganha pão, mas ao mesmo tempo é um trabalhador nato. E nisso eu nunca deixei de acreditar e inclusive torcer. Vi com os meus próprios olhos. Foram aqui os seus melhores momentos na profissão, e é aqui novamente que ele se projeta para um novo êxito no futebol.

Com o comando de Hemerson Maria, o Joinville Esporte Clube terá calendário nacional em 2026 e, diferente de Fabinho Santos, não entregou apenas o mínimo. Podemos sonhar em Xanxerê, por que não? Afinal, o favoritismo está do lado de lá. Essa classificação não vai “maquiar” os problemas do clube, mas a torcida do Joinville, mais do que ninguém, precisava desse momento. E ela precisa entender também que HM é diferente na história desse clube. E está cada vez maior. Deste século, não tenho dúvidas de que é.

E como prometido, minha reverência ao santo Hemerson José Maria. Gratidão por cada milagre realizado com a tua presença. O vento norte continua soprando!

Por: Beto Bett

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