Há 51 dias, as tradicionais peladas (como é chamado o futebol de rua) e competições amadores em Santa Catarina estão paralisadas. Da noite pro dia, os lugares que viviam agitados deram espaço ao silêncio quando o governador Carlos Moisés decretou quarentena em combate ao novo coronavírus no estado. O documento foi assinado em 17 de março, passando a valer no dia seguinte. E desde então algumas atividades seguem suspensas.
É o caso do futebol. Paixão de muitos, mas também fonte de renda de tantos outros. Com esse intuito, dirigentes de clubes amadores e donos de quadras e campos esportivos em Joinville querem a liberação de suas atividades, se comprometendo às normas de segurança e saúde. Após reunião no último quinta-feira (30), na ginásio do Estrela da Praia, a classe prepara uma carta para enviar ao Governo. O objetivo é buscar aprovação pelo menos para os complexos de esporte.
– Como as praças esportivas de Joinville não podem abrir e realizar o trabalho, os proprietários dos espaços estão tendo enormes prejuízos – disse Norberto Gottschalk, presidente do Caxias, no encontro que contou com cerca de 50 pessoas envolvidas com a modalidade, além de representantes políticos.
Outros presentes ainda relataram ainda as dificuldades encontradas para manter as contas de estabelecimentos esportivos em dia. “Algumas agremiações possuem quadro de funcionários fixo, outras necessitam de manutenção terceirizada, e há também quem sobreviva do aluguel, uma vez ‘loca’ o espaço, e quem tenha que pagar aluguel, no caso da propriedade ser terceirizada”.
O documento com as reivindicações e sugestões da classe será redigido na tarde desta quinta-feira (7), na sede da Liga Joinvilense de Futebol (LJF), e encaminhado para assinatura de todos antes de ser enviado ao governador do estado. O responsável por apresentar a proposta ao governo será o deputado estadual Fernando Krelling, presente na reunião que discutiu o tema e defensor da flexibilização das atividades esportivas amadoras com responsabilidade.
Entre as normas que os clubes e estabelecimentos se comprometem a seguir, estão: não permitir uso de vestiário – os jogadores precisam chegar e ir embora uniformizados -, obrigar a utilização de máscara durante a atividade e aferir a temperatura corporal de todos os atletas antes das partidas.
Apesar de todo o movimento, a classe enxerga com pessimismo a autorização do governador e pretendem prorrogar o envio do documento. Carlos Moisés vetou recentemente o retorno dos treinamentos nos clubes profissionais e o reinício do Campeonato Catarinense com portões fechados. E nessa semana, após protesto de líderes do futebol amador da Grande Florianópolis em frente sua casa, na Capital, ele declarou que no inverno o contágio do coronavírus deve aumentar e, por isso, não pode prever um prazo para retorno do futebol e outras modalidades coletivas.
- NÚMEROS DO CORONAVÍRUS
Santa Catarina registrou 2.917 casos e 59 óbitos de Covid-19 até agora. Em Joinville, 237 pessoas foram diagnosticadas com o vírus, segundo o último boletim divulgado pela prefeitura. Destas, 84 já estão recuperadas e seis não resistiram. Tanto no estado quanto no município, os casos mais de dobraram após as flexibilizações de algumas atividades, como o comércio.
Texto: Thiago Borges