As primeiras informações com fontes próximas ao Joinville Esporte Clube apontam que o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) em negociação com a Sportheca/BR Football deve seguir um formato distinto do adotado por outras agremiações do país. A principal diferença é que o Tricolor não deve contar com um CEO diretamente indicado pela SAF atuando dentro do clube, mas irá trabalhar com profissionais em diversas áreas.
De acordo com pessoas ligadas ao clube, o JEC manterá parte de sua atual estrutura administrativa, com dirigentes locais permanecendo em seus cargos, inclusive o presidente Darthanhan de Oliveira, que seguirá como parte da gestão associativa. O diálogo com a holding ficará sob responsabilidade do empresário Beto Rappa, dono da Pro Futebol e um dos articuladores da parceria entre Joinville e Sportheca. Rappa, no entanto, não exercerá cargo executivo dentro do Coelho. Ele atuará como consultor estratégico, orientando a diretoria na adoção dos padrões de gestão da rede multi-clube da BR Football.
Uma reunião entre a Diretoria Executiva, o Conselho Deliberativo e representantes da Sportheca está agendada para o próximo dia 28, terça-feira, quando todos os detalhes do modelo serão apresentados. Segundo apurado, o encontro é considerado crucial para esclarecer dúvidas de conselheiros e dirigentes, já que ainda há pontos pouco claros sobre o funcionamento da estrutura e o papel de cada parte na parceria.
Em contato com a reportagem, o presidente Darthanhan de Oliveira tratou as especulações com cautela e reforçou que ainda é cedo para qualquer definição. “É tudo muito prematuro… As especulações… Uma coisa é fato: eu sou presidente do clube e tenho mandato com o presidente associativo até 2028. Esse é o meu papel, seguir na função de presidente associativo”, disse.

Darthanhan Oliveira, presidente do JEC com mandato até 2028 — Foto: Divulgação/JEC
O dirigente explicou que a reunião da próxima terça-feira será o momento ideal para que a startup apresente o projeto e tire as dúvidas sobre o modelo de governança.
– O que a SAF vai propor de governança e sugestões, eles vão apresentar. Vão apresentar quando falar com os conselheiros agora, certamente na terça-feira, ou depois, na proposta de deliberação. Então qualquer afirmação agora é prematura.
Darthanhan destacou ainda que o Joinville continuará com um presidente executivo, mantendo a estrutura associativa do clube. “O meu papel é me manter como presidente executivo. Até porque tenho o mandato pra isso, e o JEC vai continuar com o executivo, a associação, tendo presidentes ali, então essa função sempre tem que ser preenchida”, afirmou o mandatário, destacando o encontro com a Sportheca agendada para a próxima semana.
– É melhor que eles falem terça-feira. Que detalhem a proposta, como é que fica a acomodação de dívida,SAF como é que fica a formatação dos investimentos, temporada a temporada, os investimentos de infraestrutura previstos, questão de implementação de tecnologia. Tudo isso tem que escutar deles, para que isso fique mais claro e sem especulações.
Consultado sobre as propostas e as possíveis mudanças, o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Douglas Gonçalves, preferiu não se manifestar no momento.
Mudanças à vista no departamento de futebol
Enquanto o modelo de SAF avança, o Joinville também se movimenta nos bastidores do futebol. Fontes consultadas indicam que André Rezini, ex-diretor do Brusque e atual vereador na cidade do Vale do Itajaí, está próximo de ser confirmado como novo diretor de futebol, enquanto Felipe Gil assumirá o cargo de gerente. Gil, inclusive, já acompanhou a partida contra o Criciúma, pela Copa Santa Catarina, na última terça-feira (21), na Arena Joinville.
A dupla deve atuar em sintonia. Rezini ficará responsável pela gestão macro — contratações, montagem de elenco e definição da comissão técnica —, enquanto Gil cuidará do dia a dia no CT e na Arena. André, que continuará residindo em Brusque, deve manter presença semanal em Joinville e acompanhar as partidas presencialmente. A chegada dos dois dirigentes marca uma nova fase e indica o fim do ciclo de Felipe Ximenes e Luciano Fidêncio.
Ximenes já informou ao elenco que deixará o clube após a Copa SC, enquanto o futuro de Fidêncio, atual executivo de futebol, segue indefinido. Internamente, há duas possibilidades: uma mudança de função para coordenar as categorias de base ou a saída definitiva do quadro. A definição deve ocorrer após o término da competição estadual e será tomada em conjunto com os representantes da futura SAF.
Modelo multi-clube e novas perspectivas
Com a adesão ao formato multi-clube nacional, o JEC passa a integrar uma rede que inclui outras agremiações geridas pela Sportheca e pela BR Football. A proposta busca padronizar processos de gestão, metodologia de trabalho e captação de talentos, criando sinergia entre clubes parceiros. Neste modelo, o Joinville teria um papel de destaque ao lado de outros clubes. A expectativa, segundo apurado, é de que o modelo traga investimentos consistentes em elenco, comissão técnica e infraestrutura, além de promover uma profissionalização dos departamentos internos.
O projeto, que ainda depende da aprovação final do Conselho Deliberativo, é visto como um ponto de virada na história do JEC, com a promessa de recolocar o Tricolor em rota de crescimento sustentável — sem abrir mão da identidade local e da participação dos atuais dirigentes na gestão cotidiana. A reunião do dia 28 pode definir, enfim, os contornos exatos desse novo capítulo na história do Joinville Esporte Clube — um clube que busca se reinventar sem perder suas raízes.

