Os relevos em formas de escama de peixe chamam a atenção nas unhas cuidadosamente pintadas. Na leitura em braile, os dedos encontram a palavra ouro. São quatro medalhas de ouro que estão nas mãos de Luana Mendes, de 12 anos. Ela não vê as medalhas que ganhou nas Paralimpíadas Escolares, em São Paulo, mas sente que seu desempenho já a coloca como um novo talento da equipe de natação paralímpica de Joinville.
Na competição disputada no Centro de Treinamento Paralímpico (CTP), Luana ganhou as quatro provas que disputou – 50m livre, 25m costas, 50m peito e revezamento medley (nadou o estilo costas).
“Ela é inteligente, desenvolve rápido e tem muito talento”, atesta o técnico Vanderlei Quintino, que trabalha com Luana há três anos e coordena a natação paralímpica de Joinville.
A jovem atleta conta que sua primeira competição nacional foi uma experiência bem divertida. Faz questão de dizer que para ela o mais importante não é vencer, mas sim se divertir.
“Se voltasse para casa só molhada, já estaria satisfeita. Eu gosto da agitação, das brincadeiras”, acrescenta.
O desempenho da atleta joinvilense chamou a atenção de técnicos do Comitê Paralímpico Brasileiro. No início do ano que vem, ela passará uma semana em treinamento no CTP, em São Paulo, num trabalho que objetiva selecionar atletas para representar o Brasil em competições internacionais.
“Ela tem grandes chances de chegar onde todos os atletas sonham, na seleção brasileira”, reforça Vanderlei Quintino.
Luana perdeu totalmente a visão aos três anos, consequência de uma retinoblastoma, um câncer ocular. O contato com a água começou aos seis anos no projeto Mãe D´água, da Univille, destinado a desenvolver a coordenação global e a autoconfiança através de atividades na piscina. Hoje, a natação faz parte do dia a dia de Luana.
“Ela não vive sem o cheiro do cloro”, conta a mãe Sandra Tromm Mendes.
Sandra mudou a rotina para acompanhar a filha de perto. Formou-se em pedagogia, se especializou em educação da pessoa deficiente visual e dá aulas na Ajidevi – Associação Joinvilense para a Integração dos Deficientes Visuais, onde acompanha Luana duas vezes por semana. Na competição em São Paulo, esteve junto com a filha na função de tapper, pessoa que usa um equipamento para alertar os nadadores da proximidade da virada ou da chegada.
Além das atividades na Ajidevi (aulas de braile e mobilidade), Luana divide a rotina de treinos com as aulas regulares no Colégio Oficina, onde cursa o 6º ano do ensino fundamental. Para a alegria da família, “já está passada” em 2017. Nessa semana, os amigos da escola conheceram as medalhas de ouro que Luana ganhou em São Paulo e descobriram um pouco mais de sua história de superação por meio do esporte.
Fotos: Phellippe José/Secom
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