No futebol, você sempre deve fazer duas análises: desempenho e resultado. Como desempenho, o JEC foi razoável em Itajaí diante do Marcílio Dias. Passou aperto no começo do jogo – especialmente nas investidas individuais de Anderson Ligeiro sobre João Ananias e nas bolas paradas. Depois, equilibrou o duelo, chegou ao empate e criou algumas oportunidades.
No entanto, o resultado não muda nada na vida do Joinville – só atrasa o clube no Estadual. São sete rodadas, com seis empates e uma derrota. O Tricolor permanece na oitava colocação, três pontos apenas à frente do nono colocado, o Metropolitano, e atrás do Marcílio Dias, Brusque e Hercílio Luz na luta por uma vaga na Série D de 2020.
E diante das circunstâncias e da sequência ruim, hoje o resultado é mais importante do que o desempenho. O JEC fez oito partidas oficiais em 2019 e não venceu nenhuma. Foi eliminado de forma vexatória na Copa do Brasil. Ainda assim, alguém pode dizer: mas o Joinville está se reestruturando, começando um trabalho e vem de queda recente para a Série D. Ok. Esta justificativa serve para duelos diante de Avaí, Chapecoense e Figueirense, que dispõe de melhor orçamento e qualidade no elenco. E os outros cinco adversários?
Brusque, Metropolitano, Hercílio Luz, Atlético-CE e Marcílio Dias têm mais orçamento do que o JEC? Mais tempo de preparação? Melhor estrutura? Claro que não. Mas o Joinville não venceu nenhum deles – pior, só consegue estar à frente do Metrô.
Para piorar, na entrevista coletiva do técnico Zé Teodoro, o comandante afirmou que ainda não encontrou um time ideal – após oito jogos, sem nenhuma vitória e com 17 contratações. O gerente de futebol, Agnello Gonçalves, justificou que houve uma grande mudança da Copa Santa Catarina para o Estadual.
De fato, as peças alteraram, mas a qualidade continua baixa – talvez até mais agora, afinal, antes havia mais jogadores da base do JEC. Se era para perder Kadu, Roberto, Breno e Marlyson, o mínimo que se esperava era algo melhor. Por enquanto, não se viu nada melhor. Surgem até dúvidas como: será que nem mesmo o lateral Saile e o atacante Adriano, que terminaram a Série C (quando o JEC já estava rebaixado) são piores do que as atuais opções?
A impressão que o Joinville passa hoje é a mesma da Série C. Faz algumas partidas razoáveis, mas não tem força para vencer. Quem acompanhou JEC x Operário, no ano passado, viu um banho do Tricolor nos paranaenses – que, mais tarde, se consagraram campeões do torneio. No entanto, na segunda etapa, o Operário venceu. Houve ali um primeiro tempo bem enganoso.
Outra coincidência: na época, o colunista julgava que era preciso mudar para tentar dar uma nova oxigenada no grupo. Alguns torcedores e colegas da imprensa julgaram loucura. No fim de semana seguinte, o JEC levou 5 a 0 do Cuiabá. Ou seja, precisou ser humilhado para se convencerem da mudança.
Voltando ao início deste texto, em alguns momentos, o desempenho mascara o resultado. No caso do JEC, isso está acontecendo para o pior. Não perdeu, foi razoável, mas não sai do lugar, exatamente como na Série C. É preciso fazer todas estas ponderações numa avaliação de trabalho. Quando venceu? Como foi na Copa do Brasil? Esteve perto de vencer algum jogo? Qual é a perspectiva? E, o mais importante: há confiança (convicção total) de que irá deslanchar e emendar uma série de vitórias? Alguém, sinceramente, tem esta crença?
Se não há convicção, mude agora. O JEC não pode perder tempo como aconteceu na Série C. Nem pode esperar ser humilhado para tomar uma decisão. Há uma semana até o próximo jogo. Se houver sobriedade, se constatará que há mais contras do que prós nesta balança de avaliação do trabalho.
Texto: Elton Carvalho
Foto: Júlio Cesar Ferreira, JEC.com.br
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