
Escrevi minha primeira crônica aqui voltando de Xanxerê, com sentimentos negativos, após uma quase desclassificação por omissão dos envolvidos. Preocupado com o futuro do clube do discurso “tudo bem, vamos para a próxima”. Desta vez, na estrada de volta a Joinville, os mesmos envolvidos despertam sentimentos positivos ao entregar tudo o que foi possível por uma (inesperada) final de Catarinense. O JEC jogou bola, lutou como um protagonista, mas caiu para uma Chapecoense que hoje é superior.
O gol cedo de Mário Sérgio, aos dois minutos, condicionou o jogo e obrigou o Tricolor a ser o dono da bola durante toda a partida. Isso não foi rotina do Joinville do estadual 2025 – a segunda equipe com menos posse de bola da primeira fase. O volume de oportunidades criadas me surpreendeu bastante, mesmo com evidentes limitações e diferenças técnicas.
Isso refletiu na qualidade dessas chances. O Joinville foi acertar a meta de João Paulo apenas no segundo tempo. E mesmo com o segundo gol de Mário Sérgio – que contou com a colaboração de Bruno Pianissolla no lance (e não se esqueçam, essa semifinal passa também pelas mãos dele) – o JEC se manteve lutando. Não baixou a guarda.
O gol de Marcinho coroou a produção ofensiva que em poucos jogos vimos. E não há melhor maneira de se absorver uma derrota quando você deixa tudo em um duelo, seja o esporte que for. E está aí o principal ponto positivo do Joinville de Hemerson Maria no estadual.

Foto: Luiz Vieira/Divulgação/JEC
Quando estava com a corda no pescoço, com o rebaixamento em vista, virou contra o Santa Catarina. Foi copeiro contra o Criciúma no Heriberto Hülse. Tentou de tudo contra a Chapecoense durante boa parte dos 90 minutos na semifinal. Teve caráter nessas performances. E é nítida a diferença de atitude quando se compara com as atuações da primeira fase contra Criciúma, Avaí, Hercílio Luz e Chapecoense.
Vencer três, empatar seis e perder quatro é uma campanha respeitável? Em contexto de pontos corridos, não. Mas cada campeonato é uma história, um regulamento, e as últimas impressões do mata-mata são positivas. Se antes do campeonato propusessem esse roteiro – encerrar no top 4, competindo até o último lance por uma final, com calendário assegurado para o próximo ano -, assinaria na hora.
Foram nove anos sem protagonismo no estado, o que tirou o poder de indignação de muitos envolvidos na comunidade Joinville Esporte Clube, aceitando que o “novo normal” é se contentar com calendário nacional, ser sétimo ou oitavo, a depender da temporada.
Não desejo mais ouvir de um dirigente, técnico, jogador ou membro de torcida, que o JEC não tem estrutura para competir com o Barra, dinheiro para vencer Avaí ou Criciúma, ou qualquer outra desculpa que venha por conveniência. O futebol é maior que isso. Perder honrando a camisa faz parte do esporte, e vimos os dois lados da moeda. Além do Santa Catarina ser exemplo neste ano.

Foto: Thiago Borges
O Catarinense 2025 pode ser a virada de um capítulo triste dos 49 anos de história deste clube. O JEC precisa aproveitar o momento de terminar uma competição importante maior do que entrou. E, independentemente do momento, todos os jogos serem do “campeonato do Joinville”. Não se contentar com o mínimo. Até porque a fila de estadual continua, desde 2001.
Não se faz um time campeão sem ambição de fazer história. E nem somente de milagres. É hora de aproveitar a “calmaria” de meta batida, o calendário garantido, e evoluir o clube em todas as áreas. Começaria pela cultura e força dos três poderes: Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal e Diretoria Executiva.
Em breve, uma análise da gestão do futebol e do elenco para o restante da temporada.
Por: Beto Bett

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