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JEC realiza coletiva para falar sobre os próximos passos da recuperação judicial

Foto: Thiago Borges/JEC

Na tarde desta quarta-feira (16) o presidente do Joinville Esporte Clube, Charles Fischer, esteve ao lado do Dr. Felipe Lollato, advogado do clube no processo de recuperação judicial, para conceder coletiva sobre os próximos passos diante da deferimento do pedido feito pelo Tricolor.

Na sala de imprensa, Joel Ferreira do Nascimento, na Arena Joinville, Charles abriu a coletiva falando de como a decisão se consolidou dentro da diretoria executiva e trouxe esclarecimentos sobre a situação atual do clube.

“O Joinville Esporte Clube vem há sete anos sofrendo com essa questão financeira. A cada ano a dívida vem aumentando e prejudicando, não só o dia-a-dia do clube, os resultados esportivos, a imagem do clube, tudo isso vinha sendo desgastado nesses últimos sete anos. E esses últimos anos, principalmente com a questão da pandemia, e esses R$ 48 milhões de dívidas asfixiando nosso trabalho”, disse Charles. “Lá dentro de campo acaba acontecendo o reflexo de toda essa situação”, completou.

O mandatário afirmou que em 2022 a situação do clube se complicou mais ainda. “Sei que é muito ruim estarmos sem calendário, é péssimo, é horrível, é catastrófico. Temos que assumir a nossa responsabilidade e assumo, pelo fato do Joinville estar sem calendário”, afirmou Charles. O presidente, ainda assim, frisou que a decisão por uma recuperação judicial deveria ser tomada, independente de ter ou não esse calendário. “Aliás, se pudesse ter sido feita essa questão de recuperação, há pelo menos cinco anos, e essa questão já estaria praticamente resolvida”, ressaltou.

Dentre as explicações, Charles comentou sobre conversa que ele teve com o vice-presidente da Chapecoense, que indicou o caminho da recuperação judicial e a experiência que o clube do oeste passou. Outra conversa que indicou a necessidade da recuperação foi realizada, segundo Charles, com o gestor do processo no Coritiba. “Estava na hora do clube tomar uma decisão de mudar os seus rumos de verdade e de parar de tapar o sol com a peneira, senão o clube teria no final do ano R$ 5 milhões a mais de dívidas, só de juros”, afirmou.

Charles finalizou sua introdução afirmando que o clube já tem um planejamento e que deverá fazer “caixa” enquanto aguarda as demais etapas da recuperação. “Não é só a recuperação financeira, mas é a imagem do Joinville Esporte Clube que nós, torcedores, todos nós juntos vamos resgatar“, ressaltou Fischer.

Charles Fischer e o Dr. Felipe Lollato, falaram sobre as providências que o JEC está tomando após a aprovação do pedido de recuperação judicial (Foto: Thiago Borges/JEC)

Alguns pontos de destaque sobre a recuperação judicial:

Sobre o percentual de contigenciamento das receitas do clube
“Quanto mais conseguirmos guardar é importante. O Dr. tem os números, sabe quanto o clube hoje tem de receita para os próximos meses e claro que é ele que vai fazer toda essa defesa”, disse Charles. “A gente estima que, aproximadamente, 35% seja guardado para as reservas de contingenciamento. Ou seja, que a gente deixe isso no caixa agora, sem bloqueio”, afirmou o Dr. Felipe Lollato. “É um orçamento apertado, e quando você tem um orçamento apertado é pior pra fazer futebol, imagino eu. Mas apesar não poder descuidar de maneira nenhuma do futebol é um momento de recobrar a dignidade do clube, de pagar as contas. (…) Temos essa estimativa, , de 30% a 35% de reserva de caixa até que se termine esse momento”, concluiu.

Sobre as receitas do clube
“Nossas receitas giram em torno de 400, 450 mil reais (mensais), mas tem algumas coisas ainda que podem acontecer, que a gente não sabe. Tem patrocinador que pode entrar. Essa estimativa que estamos passando, isso é efetivo. Mas pode melhorar. Eventualmente podemos ter alguns valores desbloqueados por conta da recuperação judicial. A gente consegue ter um orçamento, vamos dizer assim, conservador e é com isso que nós estamos trabalhando”, afirmou Dr. Felipe.

Conta exclusiva para a RJ
“Nós vamos criar uma conta, que é exclusiva da RJ. A gente vai abrir uma conta numa instituição (financeira) e ela vai ser exclusiva para isso. Eu vou levar ao Conselho para que lá seja aprovado, de alguma forma, e essa conta seja somente (quando entrar dinheiro ali) para pagamentos da recuperação judicial. Independente de quem estiver aqui. Que seja respeitado. Aquele dinheiro é para uso exclusivo dessas questões da recuperação judicial”, disse Charles. “Por que isso? Porque dá tranquilidade pro clube. Não dá aquela tentação quando precisamos contratar jogador, vamos pegar aquele dinheirinho lá. Não! Aquele dinheiro é ouro. Aquele dinheiro é exclusivo para os nossos credores”, concluiu.

Sobre o prazos envolvidos na recuperação
“O prazo de apresentação do plano é um prazo judicial de 60 dias, a contar da data da publicação da decisão que deferiu a recuperação judicial do time. Então, a gente não vai apresentar no último dia por um questão, mas talvez cinco dias antes. A gente já vem trabalhando nisso. Podemos considerar que utilizaremos todo o prazo para a apresentação. Já o prazo de realização da assembleia, a lei fala em 180 dias, e é comum que esse prazo se prorrogue. Porque um processo de recuperação judicial tem algumas variáveis, que escapam da mão do judiciário e do administrador judicial e muito pouco na nossa. Então eu estimo que a gente fale em oito meses, 11 meses, talvez um ano para a aprovação. Sendo sempre conservador, é melhor trabalhar com os prazos, com as questões mais elastecidas”, respondeu o Dr. Felipe.

Sobre as contas bloqueadas
“É decorrência do processo de recuperação judicial, do deferimento do processo a liberação de todos esses bloqueios e a proibição de bloqueios (novos). No primeiro dia a gente já informou todos os advogados que trabalham nesses processos pelo Joinville, acho que, basicamente, é o Dr. Pugliese e o Dr. Acácio, mandou a decisão e, acredito que informaram em todos os processos já. Então, bloqueios já não tivemos mais desde a data do deferimento. Eventualmente, equivocadamente, pode sair um ou outro, mas em seguida o juiz da recuperação determina o desbloqueio. O que não ocorreu ainda, porque não teve um tempo hábil pra isso, é que, eventuais bloqueios que a gente teve, e esse dinheiro ainda está depositado em juízo, isso ainda não voltou pra nós. Mas nos próximos dias deve retornar. É uma consequência do deferimento do processamento”, explicou o advogado.

Possibilidade da SAF
“Imagine um investidor olhando pro JEC e tendo que pagar R$ 44 milhões, no final do ano iria custar R$ 50 milhões, então não é uma dívida consolidada. Com a RJ, daqui a algum tempo quando for apresentado o plano e quando for consolidada essa dívida, o investidor vai olhar lá e ‘opa’, a dívida que era R$ 44 (milhões) hoje já está em outro patamar. No prazo. E é aquela dívida que ele vai ter. É o primeiro passo para a SAF. O investidor vai olhar para o clube de uma outra forma. Acho que essa é a grande tacada do Joinville Esporte Clube para a construção da SAF. A SAF daqui pra frente, com certeza, ela vai crescer muito mais”, projeto Charles.

Novidades no futebol

Entre as explicações dadas sobre a recuperação judicial, várias situações ligadas ao futebol foram anunciadas, principalmente visando a participação do clube na Copa Santa Catarina, a partir de agosto. Entre os principais pontos comentados, estão a busca de novos patrocinadores. Segundo Charles, com a negociação de uma conta específica para a recuperação judicial, pode ser que uma instituição financeira firme parceria com o clube. Já existem negociações em andamento.

Outro ponto é o orçamento do clube para a competição. Considerando a necessidade de contigenciamento por conta da recuperação e observando a atual receita do clube, o presidente do clube afirmou que o orçamento deve ficar em torno de 100 mil reais.

O JEC ainda pretende fazer algumas ações para se aproximar dos torcedores e ter uma maior participação deles na vida do clube. Entre as ideias estão promoções para os jogos utilizando a Timemania e a criação do ingresso social. Os temas devem ser apresentados pelo clube, nos detalhes, em breve.

Assista a coletiva na íntegra

Texto: Jota Amaral

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